terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Capítulo 2: Noa e Teo: estranhos sob o mesmo teto

Noa é a companheira de Teo. Mas eles parecem não ter muito em comum. Ela é agitada, inquieta...é a típica mulher moderna: acorda cedo, trabalha muito (como professora de literatura), corre atrás de seus objetivos, faz compras, não para. "Lá se foi mais um dia doido, e eu passo o tempo todo correndo atrás do tempo", pensa Noa. De casa para o colégio, do colégio para o Conselho de Trabalhadores, do conselho para a corretora, da corretora para o banco, do banco para o supermercado e do supermercado pra casa. Ufa! Apesar das semelhanças com as mulheres de hoje, Noa tem um "sonho" muito peculiar e ousado. Ela deseja abrir uma clínica de reabilitação para jovens drogados. Bem, o resto vocês já sabem: Quando uma mulher põe algo na cabeça, é difícil convecê-la do contrário.
"Quando cheguei em casa já estava escuro, eu morta de calor e cansaço, e o encontrei sentado na poltrona da sala. Nenhuma luz. Nenhum som. Outro protesto silencioso, para me fazer recordar que o preço das minhas atividades é a solidão dele. É um ritual que tem regras mais ou menos definidas. Eu sou culpada em princípio, pelo fato de haver entre nós quinze anos de diferença. Ele, em princípio, me perdoa porque é uma pessoa magnânima".
Neste dia, Teo preparou o jantar. "Depois do noticiário, ferveu um pouco de água, preparou um chá de ervas para nós dois, colocou uma almofada sob a minha cabeça e outra sob meus pés, e escolheu um disco. Schubert. A morte e a donzela. Mas quando puxei o telefone e liguei para Muki Peleg, (...) em seguida para Ludmir, e depois para Linda (...), sua generosidade se esgotou e ele se levantou, tirou a mesa e lavou a louça, foi em silêncio até o quarto, como se eu tivesse a obrigação de correr atrás dele. Se não fosse essa demonstração de protesto, talvez eu tomasse um banho e fosse até ele, contar-lhe o que havia acontecido, pedir seu conselho". 
Noa aparentemente não se sente muito à vontade para compartilhar seus pensamentos e o seu dia com Teo. Isso porque ela tem a impressão de que ele não apoiará o projeto de criação da clínica. Noa não quer ouvi-lo. Ela se sente uma criança perto dele. Mulheres: quem nunca se sentiu assim? "É duro quando ele começa a falar, e sabe exatamente o que está errado no nosso projeto, e o que eu não deveria ter dito para quem de maneira nenhuma, e ainda mais duro quando ele fica calado prestando atenção, e se esforça para não deixar a atenção se dispersar, como um tio paciente que resolveu dedicar alguns minutos preciosos para escutar da menininha o que foi que assustou a sua boneca".
Teo e Noa vivem juntos, mas como estranhos. Bem, mas por que estão juntos? Comodismo? Amor? Medo?
No próximo capítulo vamos desvendar os pensamentos de Teo.

Você acredita que a diferença de idade interfira em um relacionamento? Seria esse o problema entre Teo e Noa?
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Um comentário:

  1. Acredito que a questão não seja a diferença da idade entre eles. Aparentemente são conflitos relacionados a estilos de vida. Ele, até agora, me parece viver uma vida isolada de tudo e de todos, enquanto ela me parece ser bastante independente e cheia de atividades. Isso gera problemas na conciliação das rotinas cotidianas entre ambos, o que, por fim, gera problemas no relacionamento.

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